segunda-feira, 25 de abril de 2011

Egùn

A única vez que eu vi essa maravilha na minha vida, bem de pertinho, eu tinha 14 anos. Ali eu entendi perfeitamente o que era representação plástica. Ainda me comovo com a lembrança, o rio Cricaré num murmúrio ancestral , o antigo mercado dos escravos no silencio pungente da noite. Tudo muito escuro e eu ali, sozinha, parada diante de uma roupa colocada em uma estátua de madeira. Me sentei diante dela e chorei. Jurava que se mexeria caso eu tocasse em seus panos. Saí de lá com a certeza de que meus olhos tinham visto um segredo.