terça-feira, 4 de março de 2008

Bravo!Bravíssimo!

“Muitos de nós nos tornamos atores porque queremos fazer sucesso ou precisamos dos aplausos do público. Mas se quisermos receber aplausos, temos que desistir dessa idéia. Isso é incrivelmente difícil, já que o aplauso faz parte do querer ser ator”. (Yoshi Oida)

A idéia de que um ator, para ser um profissional bem sucedido, precisa ter notoriedade faz com que percamos boa parte do nosso tempo de profissão. Desde cedo somos pressionados a buscar meios de mídia que nos tornem uma pessoa conhecida. É claro que sair em jornais ou revistas facilita a vida do profissional de qualquer área. E direcionar a produção para ser um grupo ou ator conhecido é uma questão de sobrevivência em um mercado que é injusto, em um país com leis inexpressivas de política cultural.
Porém, há uma outra pressão sofrida por parte de quem decide fazer teatro que, ao meu ver, é bem mais cruel do que esta que atinge também outras profissões. O que fazer quando, além do mercado, a sociedade nos cobra o reconhecimento da mídia? Logo na escolha da profissão a maior luta pode ser com a família. Depois disso resolvido ou esquecido, temos um batalhão formado por gerentes de banco, donos de comércio, empresários ou até os que elegemos como esposa ou marido. E se escolhemos trabalhar pelo interior muito mais do que nas capitais, isso vira sinônimo de falta de inteligência.
Conheço grupos que existem há décadas realizando trabalhos cada vez mais qualificados, fazendo da arte sua sobrevivência e que nunca estiveram sobre o foco da grande mídia. E isso não é sucesso profissional?
Esta cobrança social faz com que inverta o objetivo de quem sonhou um dia em simplesmente trabalhar com arte, fazendo com que a fama se torne algo mais importante na profissão do que o estudo e o desenvolvimento de um trabalho sério e conseqüente.
Esta inversão fere diretamente a ética do trabalho do ator.
E, sem ética, surge uma equivocada cadeia de pensamento que conclui que “quem quer virar uma celebridade deverá ser artista!” Assim, somos presenteados por temporadas repletas de espetáculos produzidos para satisfazer o ego de quem conta com um público pouco exigente, que vai ao teatro só para satisfazer a sua necessidade de convívio social.

(Artigo publicado pela revista Tablado, de Brasília)

8 comentários:

Mayra Kinte disse...

Chicória, a leitura dos seus textos aqui me ajudaram muito a saber o que fazer em relação ao ofício.
Adorei estar aqui e deparar-me com seus novos escritos!
Beijos, te amo!

Joice Marino disse...

Maricotinha,

Agora me deu até medo.(risos)
Ando muito pragmática, não sei muito bem o que aconselhar. Mas seja lá o que for que você tenha escolhido, sei que vai ser bem feito!
Estou contigo!
Beijo.

Unknown disse...

Joice,

De quem é este artigo?

Não vai me dizer que é seu?

É né? Se não fosse voc
ê colocaria os créditos.
Menina, como você sempre me surpreende.

Um beijo do amigo,

Renato.

Joice Marino disse...

Sim, estes artigos são meus.

Mas o que isso, de verdade, importa?

Um forte abraço.

Unknown disse...

Olá,

Estava procurando um pouco sobre Arthaud, no google, e acabei parando aqui. Em parando aqui, comecei a ler o blog. Confesso, não tenho muita paciência para blogs mas adorei este.

Adorei este artigo, Joice.
Nunca havia pensado sobre isso, já que teatro esta longe da minha área.

Um forte abraço a todos.

Chiquinha Chicória disse...

Obrigada , Felipe.

Um abraço.

Anônimo disse...

Menina, posso ler para o meu grupo?
Adorei, você deveria escrever mais sobre o nosso ofício.


Um beijo, Dré.

Joice Marino disse...

Claro Dré.

Vamos ver...

Um beijo.