terça-feira, 11 de novembro de 2008

O ator deve desaparecer


Considerando essa preferência por ser "invisível", por que diabos quis eu ser logo ator, alguém que, justamente, tem de se revelar em público? Perguntei-me isso durante muitos anos e só agora, pouco a pouco, estou conseguindo entender o porquê. Interpretar, para mim, não é algo que está ligado a me exibir ou exibir minha técnica. Em vez disso, é revelar, através da atuação, "algo mais", alguma coisa que o público não encontra na vida cotidiana. O ator não demonstra isso. Não é visivelmente físico mas, através do comprometimento da imaginação do espectador, "algo mais" irá surgir na sua mente. Para que isso ocorra, o público não deve ter a mínima percepção do que o ator estiver fazendo. Os espectadores têm de esquecer o ator. O ator deve desaparecer.
No teatro kabuki, há um gesto que indica "olhar a lua" quando o ator aponta o dedo indicador para o céu. Certa vez, um ator, que era muito talentoso, interpretou tal gesto com graça e elegância. O público pensou: "Oh, ele fez um belo movimento!" Apreciam a beleza de sua interpretação e a exibição de seu virtuosismo técnico.
Um outro ator fez o mesmo gesto; apontou para a lua. O público não percebeu se ele tinha ou não realizado um movimento elegante; simplesmente viu a lua.
Eu prefiro este tipo de ator: o que mostra a lua ao público. O ator capaz de se tornar invisível. Os atores devem trabalhar duro para se desenvolverem fisicamente, não com a simples finalidade de adquirir habilidades que possam ser exibidas ao público, mas com a finalidade de serem capazes de sumir.
Havia um famoso ator de kabuki, que morreu há cerca de 50 anos, que dizia:
"Posso ensinar-lhe o padrão gestual que indica 'olhar para a lua'. Posso ensinar-lhe como fazer o movimento da ponta do dedo que mostra a lua no céu. Mas da ponta do seu dedo até a lua, a responsabilidade é inteiramente sua."


(do livro "O Ator Invisível" de Yoshi Oida - na foto, Kazuo Ohno)

domingo, 9 de novembro de 2008

Da liberdade






















"Desde o início sempre dancei minha vida."

"A beleza da arte não é feita de ornamentos, mas daquilo que flui da alma humana inspirada e do corpo que é seu símbolo..."

“Comecei a observar o rosto das senhoras casadas, amigas de minha mãe, e não houve um em que eu não achasse a marca do monstro de olhos verdes e os estigmas da escravidão. E fiz o voto de jamais me rebaixar a situação tão degradante, ainda que isso viesse me custar, como de fato veio, uma quebra de relações com minha mãe e a incompreensão do mundo”

Isadora Duncan

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"Somos conduzidos para um mundo de poesia impossível de descrever com palavras"


"Não me interesso pelo pensamento lógico, racional. Estou preocupado em questionar o espírito. Acho que a própria vida inclui algo de louco, de incompreensível, que escapa ao pensamento racional. Por exemplo, no momento da concepção existem milhões de espermatozóides tentando fecundar um óvulo, mas apenas um consegue. É puro acaso. É a mais completa desordem. Não há organização alguma. Sob o ponto de vista racional, isso é louco. Entretanto, sob o ponto de vista espiritual, essa imponderabilidade, esse acaso, é muito importante. Quando a arte tenta surgir do pensamento lógico, racional, não tem sentido. A única maneira de fazê-la aflorar é através do espírito. Penso que a arte é o nível mais alto a que pode chegar a expressão humana. E o seu principal objetivo é transformar a vida. A arte é sempre profundamente relacionada com a vida e a morte, a alma e o corpo. Algumas vezes é impossível ao pensamento lógico compreender isso. A arte tenta desvendar o mistério de viver e morrer."

Kazuo Ohno

Pausa

"Toda a arte, de uma certa forma, seja ela pintura, música, está sempre interessada em apenas dois temas: a liberdade e o amor, em todos os tempos. Então, o meu teatro também. A gente precisa expandir nossos limites, tanto como pessoas, como os limites da comunidade, os limites do Estado. Nossa função, enquanto estamos aqui na Terra, é expandir esses limites, para que a próxima geração expanda os dela, e a humanidade evolua espiritualmente. Nós somos apenas um elo nessa cadeia de evolução. Estar aqui e deixar que os limites se cristalizem, é fazer pouco. Precisamos expandir esses talentos que estão sufocados."

(Denise Stoklos)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Da série - Costurando a Espera IV

Da série - Costurando a Espera III

Da série - Costurando a Espera II

Da série - Costurando a Espera

"Pode-se queimar a biblioteca de Alexandria. Acima e além dos papiros, existem forças: podem nos tirar por um tempo a faculdade de reencontrar essas forças, não se suprimirá a energia delas. E é bom que desapareçam algumas facilidades exageradas e que certas formas caiam no esquecimento; assim, a cultura sem espaço nem tempo, e que nossa capacidade nervosa contém, ressurgirá com redobrada energia. E é justo que de tempos em tempos produzam-se cataclismas que nos incitem a retornar à natureza, isto é, a reencontrar a vida."

(Artaud)

Ocupação Orquestra Improviso


ENTRE!
http://www.operacaorquestraimproviso.blogspot.com/

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

domingo, 14 de setembro de 2008

Combustão Espontânea


Para manter a chama acesa! Mesmo com o vento que
entra pela janela, a porta que deixam entreaberta, o
sopro dos que são contra, os furacões, vendavais,
sacolejos... Para resistir e ir incendiando!


clique para queimar

(De betina moraes e para betina moraes)


sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Silêncio de Confissão


O meu talento! De que me tem servido? Não trouxe nunca às minhas mãos vazias a mais pequena esmola do destino. Até hoje não há ninguém que de mim se tenha aproximado que não me tenha feito mal.Talvez culpa minha, talvez...
O meu mundo não é como o dos outros; quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades...sei lá de quê!

(Florbela Espanca)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Por que se vende água, se ela não tem gosto de nada?
Por que as pessoas têm vontade de casar, antes de saber com quem?
Por que se acha bonito flores fora do chão, assim, com os pés cortados e a água ardendo-lhes a ferida?
Por que todo o meio-fio não é em forma de rampa?
Por que o amor pode dar medo?
Por que não se pode querer morrer?
Por que tem travesseiro no caixão?
Por que existem abismos na alma?
Por que prendemos passarinhos se o que mais impressiona, neles, é o vôo?
Por que eu sou quem sou?


- Por que as pessoas têm vontade de casar, antes de saber com quem?
- Porque se acha bonito flores fora do chão.

- Por que o amor pode dar medo?
- Porque não se pode querer morrer.

- Por que tem travesseiro no caixão?
- Porque existem abismos na alma.

- Por que prendemos passarinhos?
- Porque eu sou quem sou.

Se acha bonito flores fora do chão porque o amor pode dar medo.
Não se pode querer morrer, existem abismos na alma!
Prendemos passarinhos, eu sou quem sou...


(Pequena homenagem aos 'meus' atores Maurício e Dayanna. Corajosos, caminhando comigo, no escuro de
"Solstício de alma inquieta")



quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Inaugurando a série - Das coisas que não esqueço

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"Bateu-me na face, violento, ardendo e era brisa e ventania e maresia.

Com violenta cortesia, com desesperado arrependimento tal a carícia,
com desprendimento, era alimento, bateu-me violento.
Virei o rosto.
Bateu-me na face, alado, ensolarado e era sol e luz e suave, bateu-me na face.
- Olha para cima!
E olhei violento e suave, desesperado e alado.
Daqui de baixo, bati em todas as faces, por todos os lados."


(Marcelo G. J. Feres - do livro "A casa alheia")

domingo, 17 de agosto de 2008

o Sobrevivente - Eclipse parcial da Lua


"...ausência da mulher...melancolia...desistiu de comer...desistiu..."

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

CONTRATEMPO

 substantivo masculino 

1 circunstância ou incidente inesperado, que impede ou contraria o curso de um acontecimento, de um projeto etc.
2 Derivação:  
obstáculo, estorvo, empecilho
3 contrariedade, aborrecimento, desgosto
4  Rubrica: música.
a parte fraca do tempo  
5 Rubrica: televisão.
o intervalo natural entre as falas de
dois atores que contracenam.
 

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Provocações e Delícias do Titio Polonês


"Existe algo de incomparavelmente íntimo e produtivo no trabalho com um ator que confia em mim. Ele deve ser atencioso, seguro e livre, pois nosso trabalho consiste em explorar ao máximo suas possibilidades. Seu desenvolvimento é atingido pela observação, pela perplexidade e pelo desejo de ajudar; o meu desenvolvimento se reflete nele, ou melhor, está nele - e nosso desenvolvimento comum transforma-se em revelação. Não se trata de instruir um aluno, mas de se abrir completamente para outra pessoa, na qual é possível o fenômeno de 'nascimento duplo e partilhado'. O ator renasce - não somente como ator mas como homem - e, com ele, renasço eu. É uma maneira estranha de se dizer, mas o que se verifica, realmente, é a total aceitação de um ser humano por outro."

(Jerzy Grotowski - Em busca de um teatro pobre - trad. de Aldomar Conrado)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Pensando em FRaGmento IV

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"Passamos a vida tentando deter a morte.
Comendo, inventando, amando, rezando, brigando, matando.
Mas o que realmente sabemos sobre a morte?
Só que não tem volta...
Mas chega uma hora na vida, um momento
em que a mente subsiste aos desejos, às obsessões.
Quando os hábitos sobrevivem aos sonhos.
Talvez a morte seja uma dádiva.
Quem sabe?"
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(Fragmento retirado de um filme americano, meio duvidoso. Não vou colocar o nome do filme aqui. Na verdade, isso pouco importa. Quero somente dizer que isso dito por Kevin Space fica bem melhor do que escrito. E que se trata de um homem que vê em sua morte um sentido maior do que na sua existência)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Da série amenidades - Redescobrindo Arnaldo encaixotado II

E por falar em silêncio...


O silêncio.

Antes de existir Computador, existia a tevê.

Antes de existir tevê, existia luz elétrica.
Antes de existir luz elétrica, existia bicicleta.
Antes de existir bicicleta, existia enciclopédia.
Antes de existir enciclopédia, existia alfabeto.
Antes de existir alfabeto, existia a voz.
Antes de existir a voz, existia o silêncio.
O silêncio...
Foi a primeira coisa que existiu.
O silêncio que ninguém ouviu.
Astro pelo céu em movimento.
E o som do gelo derretendo.
O barulho do cabelo em crescimento.
E a música do vento.
E a matéria em decomposição.
A barriga digerindo o pão.
Explosão de semente sobre o chão.
Diamante nascendo do carvão.
Homem, pedra, planta, bicho, flor...
Luz elétrica, tevê, computador...
Batedeira, liquidificador...
Vamos ouvir esse silêncio, meu amor,
Amplificado no amplificador...
Do estetoscópio do doutor,
No lado esquerdo do peito esse tambor...

(Arnaldo Antunes)

Da série amenidades - Redescobrindo Arnaldo encaixotado

E por falar em cultura...

Cultura


O girino é o peixinho do sapo

O silêncio é o começo do papo
O bigode é a antena do gato
O cavalo é pasto do carrapato
O cabrito é o cordeiro da cabra
O pescoço é a barriga da cobra
O leitão é um porquinho mais novo
A galinha é um pouquinho do ovo
O desejo é o começo do corpo
Engordar é a tarefa do porco
A cegonha é a girafa do ganso
O cachorro é um lobo mais manso
O escuro é a metade da zebra
As raízes são as veias da seiva
O camelo é um cavalo sem sede
Tartaruga por dentro é parede
O potrinho é o bezerro da égua
A batalha é o começo da trégua
Papagaio é um dragão miniatura
Bactérias num meio é cultura

(Arnaldo Antunes)

terça-feira, 6 de maio de 2008

Pensando em fRaGmento III













"O espectador cego deve ouvir a mordida e a deglutição, se perguntar o que está sendo comido ali, no palco. Quê eles comem? Eles se comem? Mastigar ou engolir. Mastigação, sucção, deglutição. Pedaços de texto devem ser mordidos, maldosamente atacados pelos comedores (lábios, dentes) ; outros pedaços devem ser logo tragados, deglutidos, engolidos, aspirados, absorvidos. Coma, trague, coma, mastigue, pulmoneie de um só trago. Vá, mastigue, triture, canibal! Ai, ai!...

Boa parte do texto deve jorrar num sopro só, sem retomada de fôlego, usando-o até o fim. Gastando tudo. Nada de guardar umas reservinhas, nada de ter medo de perder o fôlego. Parece que é assim que se consegue achar o ritmo, as diversas respirações, atirando-se em queda livre. Nada de cortar tudo, recortar tudo em fatias inteligentes, em fatias inteligíveis - como manda a boa dicção francesa de hoje em dia, na qual o trabalho do ator consiste em recortar seu texto qual salame, acentuar certas palavras, carregá-las de intenções, reproduzindo em suma o exercício de segmentação da palavra que se aprende na escola: frase recortada em sujeito-verbo-predicado, o jogo consistindo apenas em procurar a palavra chave, em sublinhar um membro da frase pra mostrar que se é um ótimo aluno inteligente - enquanto que, enquanto que, enquanto que, a palavra forma antes alguma coisa parecida com um tubo de ar, um cano de esfíncter, uma coluna com descargas irregulares, espasmos, comportas, ondas cortadas, escapamentos, pressão."


(Trecho do livro "Carta aos atores" de Valère Novarina)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pensando em fRaGmento - II



"Eis que agora os homens trocam entre si palavras como se fossem ídolos invisíveis, forjando nelas apenas uma moeda: acabaremos um dia mudos de tanto comunicar; nos tornaremos enfim iguais aos animais, pois os animais nunca falaram mas sempre comunicaram muito-muito bem. Só o mistério de falar nos separava deles. No final, nos tornaremos animais: domados pelas imagens, emburrecidos pela troca de tudo, regredidos a comedores do mundo e a matéria para a morte. O fim da história é sem fala."

(Valère Novarina - trecho do livro "Diante da palavra")

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pensando em fRaGmento


"Sem muito orgulho de ter um corpo que se vê,
eu tinha sobretudo muita vergonha de ter que lhes deixar
depois de minha morte um corpo que fica;
só de pensar em vê-lo como despojos eu já sentia vergonha por ele.
Minha mãe dizia: Dá-o à terra!
Eu pensava: Pois tomara que ela aceite!
Eu aspirava ser de madeira breve, ou rubifão,
plástico elastificado ou de metal metalurizado,
e não em carne que vai a lugar nenhum."

(Valère Novarina)

terça-feira, 25 de março de 2008

quinta-feira, 13 de março de 2008

Por falar em cultura, Artaud em 7 etapas!



O teatro e a cultura


Antonin Artaud

Jamais, quando é a própria vida que nos foge, se falou tanto em civilização e em cultura. Há um estranho paralelismo entre essa destruição generalizada da vida, que encontra-se na base da desmoralização atual, e a preocupação com uma cultura que jamais coincidiu com a vida, e que é feita para governar sobre a vida.
Antes de retornar à cultura, observo que o mundo tem fome, e que ele não se preocupa com a cultura; e que é apenas de maneira artificial que se quer dirigir para a cultura pensamentos que estão voltados unicamente para a fome.
O mais urgente não me parece tanto defender uma cultura cuja existência jamais salvou um homem de ter fome e da preocupação de viver melhor, e sim extrair disso que se chama de cultura idéias cuja força viva seja idêntica à da fome.
Nós temos necessidade sobretudo de viver e de acreditar naquilo que nos faz viver e que alguma coisa nos faz viver ¤ e aquilo que sai do misterioso interior de nós mesmos não deve retornar perpetuamente sobre nós mesmos, em uma preocupação grosseiramente digestiva.
Quero dizer que se para todos nós é importante comer, e já, nos é ainda mais importante não desperdiçar nesta única preocupação imediata de comer nossa simples força de ter fome.
Se o signo da época é a confusão, vejo na base dessa confusão uma ruptura entre as coisas e as palavras, as idéias, os signos que são a representação dessas coisas.
Certamente não são sistemas de pensamento que nos faltam; o seu número e as suas contradições caracterizam nossa velha cultura européia e francesa: mas quando é que a vida, a nossa vida, foi afetada por esses sistemas?
Não diria que os sistemas filosóficos são algo que se possa aplicar direta e imediatamente; mas das duas, uma:
Ou esses sistemas estão em nós e somos impregnados por eles a ponto de viver deles, e neste caso o que importam os livros? ou nós não somos impregnados por eles, e neste caso eles não merecem nos fazer viver; e de qualquer forma, que importa seu desaparecimento?



É necessário insistir sobre esta idéia da cultura em ação e que se torna em nós como um novo órgão, uma espécie de segunda respiração: e a civilização é a cultura que se impõe e que rege até mesmo nossas ações mais sutis, é o espírito que se encontra nas coisas; e é de maneira artificial que se separa a civilização da cultura, e que há duas palavras para significar uma única e idêntica ação.
Julgamos um civilizado pelo modo como ele se comporta, e ele pensa da maneira como se comporta; mas já sobre a palavra civilizado existe uma confusão; para todo o mundo, um civilizado culto é um homem esclarecido quanto aos sistemas, e que pensa através de sistemas, de formas, de signos, de representações.
É um monstro em quem se desenvolveu até o absurdo essa faculdade que temos de extrair pensamentos de nossos atos, em vez de identificar nossos atos com nossos pensamentos.
Se falta amplitude à nossa vida, ou seja, se lhe falta uma constante magia, é porque gostamos de observar nossos atos e de perder-nos em considerações sobre as formas sonhadas de nossos atos, em vez de sermos impelidos por eles.
E essa faculdade é exclusivamente humana. Diria mesmo que é essa infecção do humano que nos estraga certas idéias que deveriam permanecer divinas; pois, longe de acreditar no sobrenatural e no divino inventados pelo homem, creio que foi a intervenção milenar do homem que acabou por nos corromper o divino.
Todas as nossas idéias sobre a vida devem ser modificadas, numa época em que nada mais adere à vida. E essa penosa cisão é motivo para que as coisas se vinguem, e a poesia que não está mais em nós e que não conseguimos mais encontrar nas coisas ressurge de repente pelo lado mau das coisas; e jamais se viu tantos crimes, cuja gratuita estranheza só pode ser explicada por nossa impotência em possuir a vida.
Se o teatro existe para permitir que nossos recalques tomem vida, uma espécie de atroz poesia se exprime através de atos bizarros, onde as alterações do fato de viver demonstram que a intensidade da vida permanece intacta, e que bastaria melhor dirigi-la.


Porém, por mais que queiramos a magia, no fundo temos medo de uma vida que se desenvolvesse toda sob o signo da verdadeira magia.
E é assim que nossa ausência enraizada de cultura espanta-se com certas grandiosas anomalias e que, por exemplo, em uma ilha sem nenhum contato com a civilização atual, a simples passagem de um navio, somente com pessoas sadias, pode provocar o aparecimento de doenças desconhecidas nessa ilha, e que são uma especialidade de nossos países: zona, influenza, gripe, reumatismos, sinusite, polinevrite, etc., etc.
Do mesmo modo, se achamos que os negros cheiram mal, ignoramos que para tudo aquilo que não é Europa somos nós, os brancos, que cheiramos mal. E eu diria mesmo que exalamos um odor branco, branco assim como se pode falar de um "mal branco".
Como o ferro aquecido ao branco, pode-se dizer que tudo o que é excessivo é branco; e para um asiático a cor branca tornou-se a insígnia da mais extrema decomposição.
Dito isto, podemos começar a traçar uma idéia da cultura, uma idéia que é antes de tudo um protesto.
Protesto contra o estreitamento insensato que é imposto à idéia de cultura ao se reduzi-la a uma espécie de inconcebível Panteão; o que resulta em uma idolatria da cultura, da mesma maneira que as religiões idólatras colocam deuses em seu Panteão.
Protesto contra a idéia separada que se faz da cultura, como se existisse, de um lado, a cultura, e de outro a vida; e como se a verdadeira cultura não fosse um meio requintado de compreender e de exercer a vida
.


Pode-se queimar a biblioteca de Alexandria. Acima e além dos papiros, existem forças: podem nos roubar durante algum tempo a faculdade de reencontrar essas forças, mas não podem suprimir a sua energia. E é bom que muitas das grandes facilidades desapareçam e que certas formas caiam no esquecimento; assim a cultura sem espaço nem tempo contida em nossa capacidade nervosa ressurgirá com uma energia amplificada. E é justo que de tempos em tempos se produzam cataclismas que nos incitem a retornar à natureza, ou seja, a reencontrar a vida. O velho totemismo dos animais, das pedras, dos objetos utilizados para aterrorizar, das vestimentas bestialmente impregnadas, em uma palavra tudo o que serve para captar, dirigir e desviar as forças, é para nós uma coisa morta, da qual sabemos apenas tirar um proveito artístico e estático, um proveito de fruidor e não um proveito de ator.
Ora, o totemismo é ator porque se move, e é feito para atores; e toda verdadeira cultura apoia-se sobre os meios bárbaros e primitivos do totemismo, cuja vida selvagem, ou seja, inteiramente espontânea, quero adorar.
O que nos fez perder a cultura foi nossa idéia ocidental da arte e o proveito que dela tiramos. Arte e cultura não podem andar juntas, contrariamente ao uso que universalmente se tem feito delas!


A verdadeira cultura age por sua exaltação e por sua força, e o ideal europeu da arte visa lançar o espírito em uma atitude separada da força e que assiste à sua exaltação. É uma idéia preguiçosa, inútil, e que engendra, a curto prazo, a morte. Se as múltiplas voltas da Serpente Quetzalcoatl são harmoniosas, é porque elas exprimem o equilíbrio e as curvas de uma força adormecida; e a intensidade das formas está lá unicamente para seduzir e captar a mesma força que, em música, é despertada por um dilacerante teclado.
Os deuses que dormem nos Museus: o deus do Fogo, com seu incensório que recorda o tripé da Inquisição; Tlaloc, um dos múltiplos deuses das águas, com sua muralha de granito verde; a Deusa Mãe das águas, a Deusa Mãe das Flores; a expressão imutável e que soa, debaixo de várias camadas de água, da Deusa com o vestido de jade verde; a expressão arrebatada e bem-aventurada, o rosto crepitando de aromas, onde os átomos de sol dançam em círculos, da Deusa Mãe das Flores; essa espécie de servidão necessária de um mundo onde a pedra se anima porque foi golpeada da maneira correta, o mundo dos civilizados orgânicos, aqueles cujos órgãos vitais também saem de seu repouso, esse mundo humano penetra em nós, participa da dança dos deuses, sem retornar nem olhar para trás, sob pena de se tornar, como nós mesmos, pulverizadas estátuas de sal.
No México, uma vez que se trata do México, não existe arte e as coisas servem. E o mundo está em perpétua exaltação.


À nossa idéia inerte e desinteressada da arte uma cultura autêntica opõe uma idéia mágica e violentamente egoísta, ou seja, interessada. Pois os mexicanos captam o Manas, as forças que dormem em todas as formas, e que não podem surgir de uma contemplação das formas em si mesmas, mas somente de uma identificação mágica com essas formas. E os velhos Tótens estão lá para acelerar a comunicação.
Quando tudo nos leva a dormir, olhando com olhos fixos e conscientes, é duro despertar e olhar as coisas como em um sonho, com olhos que não sabem mais para que servem, e cujo olhar está voltado para dentro.
É assim que nasce a estranha idéia de uma ação desinteressada, mas que é ação de qualquer maneira, e mais violenta por aproximar-se da tentação de repouso.
Toda verdadeira efígie tem sua sombra que a duplica; e a arte surge a partir do momento em que o escultor que modela crê liberar uma espécie de sombra cuja existência atormentará seu repouso.
Como toda cultura mágica que os hieróglifos apropriados estabelecem, o verdadeiro teatro também tem suas sombras; e, de todas as linguagens e de todas as artes, ele é o único que ainda possui sombras que romperam com suas limitações. E podemos dizer que, desde a sua origem, elas não suportaram limitações.
Nossa idéia petrificada do teatro junta-se à nossa idéia petrificada de uma cultura sem sombras, onde, para qualquer lado que se volte nosso espírito, não encontramos senão o vazio, quando de fato o espaço está pleno.
Mas o verdadeiro teatro, porque se move e porque se serve de instrumentos vivos, continua a agitar as sombras onde a vida jamais deixou de existir. O ator que não repete o mesmo gesto duas vezes, mas que faz gestos, se move, e certamente brutaliza as formas, mas por trás dessas formas, e através da sua destruição, encontra aquilo que sobrevive às formas e produz a sua continuação.

O teatro que não está em nada mas que se serve de todas as linguagens: gestos, sons, palavras, fogo, gritos, encontra-se exatamente no ponto em que o espírito tem necessidade de uma linguagem para produzir suas manifestações.

E a fixação do teatro em uma linguagem: palavras escritas, música, luzes, ruídos, indica sua perdição a curto prazo, sendo que a escolha de uma linguagem demonstra o gosto que se tem pelas facilidades dessa linguagem; e o ressecamento da linguagem acompanha a sua limitação.

Para o teatro, como para a cultura, a questão continua sendo nomear e dirigir as sombras: e o teatro, que não se fixa na linguagem nem nas formas, destrói assim as falsas sombras, e ao mesmo tempo prepara o caminho para um outro nascimento de sombras, em volta das quais se incorpora o verdadeiro espetáculo da vida.

Quebrar a linguagem para tocar a vida é fazer ou refazer o teatro; e o importante é não achar que esse ato deve permanecer sagrado, ou seja, reservado. O importante é acreditar que todos podem fazê-lo, e que para tanto é necessária uma preparação.

Isso leva a rejeitar as limitações habituais do homem e os poderes do homem, e a tornar infinitas as fronteiras daquilo que denomina-se a realidade.

É necessário acreditar em um sentido da vida renovado pelo teatro, onde o homem impavidamente torna-se mestre daquilo que ainda não existe, e o faz nascer. E tudo aquilo que não nasceu ainda pode nascer, desde que não nos contentemos em continuar sendo simples órgãos registradores.

Da mesma maneira, quando pronunciamos a palavra vida, é preciso entender que não se trata da vida reconhecida a partir do exterior dos fatos, mas dessa espécie de frágil e fugidio centro em que as formas não tocam. E se ainda existe algo de infernal e de verdadeiramente maldito nestes tempos, é esse demorar-se artisticamente sobre as formas, em vez de ser como os supliciados que são incendiados e fazem sinais de dentro das suas fogueiras.



In Antonin Artaud, Le théâtre et son double, Paris, éditions Gallimard, 1964, págs. 9-18. Tradução de Roberto Mallet.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Afinal o que é cultura?


"Educar uma criança não é como encher um vaso, mas como acender uma fogueira."
(Montaigne)

Quer continuar?

Acesse:

http://pontocinza.blogspot.com/2008/01/cultura-e-morte-nova-srie-9.html

terça-feira, 4 de março de 2008

Bravo!Bravíssimo!

“Muitos de nós nos tornamos atores porque queremos fazer sucesso ou precisamos dos aplausos do público. Mas se quisermos receber aplausos, temos que desistir dessa idéia. Isso é incrivelmente difícil, já que o aplauso faz parte do querer ser ator”. (Yoshi Oida)

A idéia de que um ator, para ser um profissional bem sucedido, precisa ter notoriedade faz com que percamos boa parte do nosso tempo de profissão. Desde cedo somos pressionados a buscar meios de mídia que nos tornem uma pessoa conhecida. É claro que sair em jornais ou revistas facilita a vida do profissional de qualquer área. E direcionar a produção para ser um grupo ou ator conhecido é uma questão de sobrevivência em um mercado que é injusto, em um país com leis inexpressivas de política cultural.
Porém, há uma outra pressão sofrida por parte de quem decide fazer teatro que, ao meu ver, é bem mais cruel do que esta que atinge também outras profissões. O que fazer quando, além do mercado, a sociedade nos cobra o reconhecimento da mídia? Logo na escolha da profissão a maior luta pode ser com a família. Depois disso resolvido ou esquecido, temos um batalhão formado por gerentes de banco, donos de comércio, empresários ou até os que elegemos como esposa ou marido. E se escolhemos trabalhar pelo interior muito mais do que nas capitais, isso vira sinônimo de falta de inteligência.
Conheço grupos que existem há décadas realizando trabalhos cada vez mais qualificados, fazendo da arte sua sobrevivência e que nunca estiveram sobre o foco da grande mídia. E isso não é sucesso profissional?
Esta cobrança social faz com que inverta o objetivo de quem sonhou um dia em simplesmente trabalhar com arte, fazendo com que a fama se torne algo mais importante na profissão do que o estudo e o desenvolvimento de um trabalho sério e conseqüente.
Esta inversão fere diretamente a ética do trabalho do ator.
E, sem ética, surge uma equivocada cadeia de pensamento que conclui que “quem quer virar uma celebridade deverá ser artista!” Assim, somos presenteados por temporadas repletas de espetáculos produzidos para satisfazer o ego de quem conta com um público pouco exigente, que vai ao teatro só para satisfazer a sua necessidade de convívio social.

(Artigo publicado pela revista Tablado, de Brasília)

Vá ao teatro?


Um dia, ouvi de um estudante de teatro: “o teatro perdeu público para as novelas“. Essa é uma questão tão antiga quanto a televisão. Ouvindo, porém, distanciei o pensamento daquela discussão caduca e me voltei para o percurso das desastrosas ações em que o teatro acabou se aprisionando. Perdendo terreno para as novidades do mundo eletrônico, buscou-se o perigoso caminho de trazer para a cena teatral o que se concluiu que agradava à maioria das pessoas.
O que se espera ver na TV? A vida cotidiana em uma trama específica, onde a relação com o telespectador esbarra no voyeurismo. Vemos tramas esticadas por meses, com um tempo semelhante ao que escorre no nosso dia a dia. A TV está certa! E não quero entrar no pantanoso terreno da qualidade, falo apenas da linguagem proposta desde a invenção do mercado das telenovelas. Esta forma de interpretação é apropriada para a TV. Não para o teatro.
Eis o tenebroso equívoco que traz para a cena teatral o distanciamento cada vez maior do seu elemento mais fundamental: a ação dramática. Passamos a ver no teatro um tipo de representação que reflete o modelo da linguagem proposta para a TV e, mais perigoso ainda, passa-se a acreditar que representar no teatro é como representar na TV. E, nós “gente de teatro”, tentamos nos redimir com a exclamação simplista: “no teatro é mais difícil porque é ao vivo”. E seguimos enganados, comparando duas linguagens distintas.
Na linguagem do teatro, onde o tempo é mais concentrado, precisamos nos debruçar sobre o que é essencial, desprezando tudo o que não contribui para a ação dramática. Cada elemento de um espetáculo, cada gesto, pausa, objeto, ação de luz ou música deverá contribuir de maneira objetiva e ao mesmo tempo poética para a revelação do drama. O ator realiza as ações que formam o caráter do personagem que vive o drama revelado neste espaço condensado de tempo. As ações que o ator realiza em cena, cada uma delas, têm de conter o drama. Não se pode desperdiçar as ações deixando-as car

entes de significância. Quando se constrói um espetáculo teatral com maneirismos de televisão, joga-se fora a regra mais fundamental do teatro e surge uma terceira coisa que não é mais teatro, nem é televisão. Uma tentativa desesperada de um vendedor querendo ganhar um mercado que não é seu.
Teatro não é um comércio. Teatro é encontro. Quando vou ao teatro, quero ver teatro.


(Artigo publicado pela revista Tablado ,de Brasília)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Pra que discutir com madame?


O início.

Em março de 2007, eles eram os 17
escolhidos de um grupo de 60 candidatos.
Resistiram a invasão de fevereiro e a mais
demorada e dramática, a de maio, ainda
os aguardava...
Os ensaios começaram e as exigências também.
Era preciso dedicação, persistência e,

especialmente, coragem.
Coragem para propor na criação,
coragem para vencer pudores, medos e carências.

O diretor.

Um homem intenso é chamado para o
comando do grupo e propõe um processo
interativo, moderno e corajoso. Fabiano,
o Dadado, nosso fiel capitao.

Eles embarcam...O homem embarca...

A nossa carioca holandesa, Patrícia.

Uma mulher nos visita em uma aula e
a identificação é imediata.
Seus conselhos e idéias se tornam de grande
importância para o processo.

E ela também embarca...

As afinidades se estabelecem e as
verdadeiras amizades se encontram.
Vejo, aos poucos, a liberdade surgir
como tem mesmo que ser entre amigos
e companheiros de criação.

Aos poucos se forma um ninho e eu me
deito e eles se deitam...
Uma confiança mútua toma corpo e se

solidifica entre nós.
Nos tornamos a síntese da liberdade.
Podemos falar o que quiser um com o outro,

podemos até nos amar.

De quantas pessoas vivas você sente saudades sinceras?



As sucessivas invasões e conflitos tornam
tudo difícil e revoltante. Armamos esquemas
de comunicação e cuidados uns com os outros.
Apoio afetivo e de manutenção da vontade.
Persistência, mesmo na falta da água e da luz,
cortada pela polícia, mesmo sem os telefones...
Mesmo com os tiros desleais de fuzis e metralhadoras giratórias.
Mesmo com a insegurança, o preconceito

e a incerteza de valer a pena tanto esforço e risco...
Mesmo e apesar de tudo, a gente dança sob o som dos canhões.

(Estamos brigando contra quem mesmo?)


O trabalho é incessante. O piso não é apropriado...
Os corpos padecem, a alma se eleva. Resistência!

O fiel capitão propõe uma imersão em local afastado
e silencioso. E nos leva para a Aldeia de Arcozelo.
Lá, sob o olhar do sátiro Paschoal Carlos Magno,
eles aprendem canto,
pelas mãos de Guilherme, nosso homem
do piano...
...que também embarcou, com Frida e
Daniel.
Apoio luxuoso ao processo.
Trabalha...trabalha...

E trabalha...
E ama...e se diverte...

Nos alojamentos, o quarto 12 faz história...
Com o tempo, os alunos se tornam amigos.
Amigos de dar saudade e vontade de sair
junto.
E assim é!
A comemoração inesquecível do meu
aniversário, na casa de Maurício.
Meus heróis mais queridos e seu fiel capitão.
Toda liberdade e amor, no meio do Rio de
Janeiro, no fervilhar pulsante e nervoso
do bairro da Penha.
E a gente não tem só comida! A gente
tem saída, diversão e arte!
A gente é inteiro e não pela metade.
Inteiros!
Libertos!
Cafonérrimos!

E íntimos na medida exata do bom trabalho.
O tempo passa e rola ensaio...ensaio...
Problemas com passaportes...cansaço...
burocracias infinitas...
A galera resiste!
O diretor persiste!
Ensaios na vila Cruzeiro e no teatro Ziembinsky.
Filmagem na igreja da Penha...filmagem nas ruas da
Vila Cruzeiro com o casal de mestre
sala e porta bandeira, Maria Helena e Chiquinho.
Filmagem no teatro municipal...
E no meio de uma produção urgente e cheia
de fatos inesperados,
eles completam 9 meses de trabalho intenso.
Chega o dia do ensaio geral.
E eu assisto, comovida, uns moleques (que
conheci cheios de insegurança e vontade)
descortinarem um espetáculo brilhante.
Vejo meus figurinos bailando em expressões
e movimentos dramáticos e uma direção primorosa.
E é ali que os vejo pela úlima vez, de
pertinho.
Muita expectativa nos olhares e minha alma
pregada nesse "cais" de concreto.
E recebo notícias visuais de tempos
em tempos. E os vejo felizes, no alto!
Chegam no Festival Mundial
e começam a percorrer a Holanda.
Enfrentam o frio e o próprio deslumbramento
da conquista.Enfrentam seus ânimos e
desânimos, suas diferenças...
Os preparativos de estréia.
Os teatros maravilhosos daquele país.
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Senhoras e senhores, bem vindos ao
Favela-força!

O atabaque de Jorge Neguinho

O maculelê de Romildo e Diogo
O comovente "cisne negro"
do menino Carlinhos

O expressionismo do elenco, afiado
contra o preconceito

As tres Iabás

O malandro sambando
para a morte

A loteria da morte
O espetáculo segue em
temporada pela Holanda
e é aplaudido durante dez minutos,
por uma platéia de mais de mil pagantes!

Eu estou falando de Maurício, Igor, Mayra,
Diogo, Renata, Thiago, Ana lúcia, Eliel,
Romildo, Jorge Neguinho, Gralter, Ítalo,
Cristiane, Ronie, Carlinhos.
E, por que não, Paulo Roberto, Nayara,
Andressa, Jota Bruno e Maurinho?


E eles estão lá. Passando por muitas coisas boas
e momentos difíceis também.

Assim mesmo... como a vida tem que ser.
Porém, no palco o jogo é preciso.
E qualquer coisa, boa ou ruim, tem seu preço justo.
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Estamos falando do espetáculo "FAVELA-FORÇA"
realizado com os atores da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro.
sob a direção de Fabiano de Freitas.