sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Silêncio de Confissão


O meu talento! De que me tem servido? Não trouxe nunca às minhas mãos vazias a mais pequena esmola do destino. Até hoje não há ninguém que de mim se tenha aproximado que não me tenha feito mal.Talvez culpa minha, talvez...
O meu mundo não é como o dos outros; quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades...sei lá de quê!

(Florbela Espanca)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Por que se vende água, se ela não tem gosto de nada?
Por que as pessoas têm vontade de casar, antes de saber com quem?
Por que se acha bonito flores fora do chão, assim, com os pés cortados e a água ardendo-lhes a ferida?
Por que todo o meio-fio não é em forma de rampa?
Por que o amor pode dar medo?
Por que não se pode querer morrer?
Por que tem travesseiro no caixão?
Por que existem abismos na alma?
Por que prendemos passarinhos se o que mais impressiona, neles, é o vôo?
Por que eu sou quem sou?


- Por que as pessoas têm vontade de casar, antes de saber com quem?
- Porque se acha bonito flores fora do chão.

- Por que o amor pode dar medo?
- Porque não se pode querer morrer.

- Por que tem travesseiro no caixão?
- Porque existem abismos na alma.

- Por que prendemos passarinhos?
- Porque eu sou quem sou.

Se acha bonito flores fora do chão porque o amor pode dar medo.
Não se pode querer morrer, existem abismos na alma!
Prendemos passarinhos, eu sou quem sou...


(Pequena homenagem aos 'meus' atores Maurício e Dayanna. Corajosos, caminhando comigo, no escuro de
"Solstício de alma inquieta")



quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Inaugurando a série - Das coisas que não esqueço

.....................................................................................
"Bateu-me na face, violento, ardendo e era brisa e ventania e maresia.

Com violenta cortesia, com desesperado arrependimento tal a carícia,
com desprendimento, era alimento, bateu-me violento.
Virei o rosto.
Bateu-me na face, alado, ensolarado e era sol e luz e suave, bateu-me na face.
- Olha para cima!
E olhei violento e suave, desesperado e alado.
Daqui de baixo, bati em todas as faces, por todos os lados."


(Marcelo G. J. Feres - do livro "A casa alheia")

domingo, 17 de agosto de 2008

o Sobrevivente - Eclipse parcial da Lua


"...ausência da mulher...melancolia...desistiu de comer...desistiu..."

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

CONTRATEMPO

 substantivo masculino 

1 circunstância ou incidente inesperado, que impede ou contraria o curso de um acontecimento, de um projeto etc.
2 Derivação:  
obstáculo, estorvo, empecilho
3 contrariedade, aborrecimento, desgosto
4  Rubrica: música.
a parte fraca do tempo  
5 Rubrica: televisão.
o intervalo natural entre as falas de
dois atores que contracenam.
 

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Provocações e Delícias do Titio Polonês


"Existe algo de incomparavelmente íntimo e produtivo no trabalho com um ator que confia em mim. Ele deve ser atencioso, seguro e livre, pois nosso trabalho consiste em explorar ao máximo suas possibilidades. Seu desenvolvimento é atingido pela observação, pela perplexidade e pelo desejo de ajudar; o meu desenvolvimento se reflete nele, ou melhor, está nele - e nosso desenvolvimento comum transforma-se em revelação. Não se trata de instruir um aluno, mas de se abrir completamente para outra pessoa, na qual é possível o fenômeno de 'nascimento duplo e partilhado'. O ator renasce - não somente como ator mas como homem - e, com ele, renasço eu. É uma maneira estranha de se dizer, mas o que se verifica, realmente, é a total aceitação de um ser humano por outro."

(Jerzy Grotowski - Em busca de um teatro pobre - trad. de Aldomar Conrado)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Pensando em FRaGmento IV

....................................................................
"Passamos a vida tentando deter a morte.
Comendo, inventando, amando, rezando, brigando, matando.
Mas o que realmente sabemos sobre a morte?
Só que não tem volta...
Mas chega uma hora na vida, um momento
em que a mente subsiste aos desejos, às obsessões.
Quando os hábitos sobrevivem aos sonhos.
Talvez a morte seja uma dádiva.
Quem sabe?"
....................................................................
(Fragmento retirado de um filme americano, meio duvidoso. Não vou colocar o nome do filme aqui. Na verdade, isso pouco importa. Quero somente dizer que isso dito por Kevin Space fica bem melhor do que escrito. E que se trata de um homem que vê em sua morte um sentido maior do que na sua existência)