segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Orfandade

16 comentários:

Eleonora Marino Duarte disse...

...

que bonito,
e que triste se for dita com a imagem a palavra :"orfandade"...


orfandade talvez seja exatamente assim, um buraco indisfarçável, no corpo, uma marca, um sinal, algo para onde todos olhem, um lugar exposto, onde fica contido a tragédia da não referência, da não identidade.

além de causar nas pessoas uma impressão (falsa? verdadeira?) de que podem transpassar-lhe a hora que bem entendem e do jeito que bem querem...

ah.. perdão, desabafo de órfão...


um beijo, sem silêncio irmã.

Joice Marino disse...
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Joice Marino disse...

Minha irmã,

Marcelo, meu ex companheiro querido, escreveu certa vez:

"...em meio ao que vaga, não tenho raízes."

Para mim nada define melhor a orfandade do que isso. E penso que, apesar da melancolia que acompanha todo mundo que cedo perdeu os pais, vejo isso como uma característica positiva do fato de não existir mais a matriz.

Todos os órfãos que conheci têm uma fome de carinho e envolvimento muito grande. A orfandade nos impulsiona a uma entrega total, mesmo quando queremos nos preservar. Fazer o quê? O lance é encontrar pessoas certas, momentos certos. Mas pessoas ou momentos errados é um risco de todos. Até dos que têm pai e mãe. =)

Meu beijo escandaloso nessa manhã de sol!
Te amo.

Unknown disse...

Oi gente, essa deu dorzinha de buraco.
Sou órfão de pai e já não é bom. (Aproveitando para a terapia - rindo)

Não vou comentar, só dizer que passei aqui.

Beijo nas duas irmãs.

Menina, você tem irmã poeta. Que xiquê!

Té...

Mayra Kinte disse...

Aai, quanta comoção e surpresa de ver tanta coisa nova e bonita por aqui.

Isso me fez refletir sobre o sentido da palavra valor. Dar valor a algo ou alguém não é tão fácil quanto se pensa. Ou melhor o tamanho desse valor é que deve ser avaliado.

Amo e quando amo, dou valor...e por falar em amor, heim...deixa pra lá!

Vou nessa!

Amo você's!

Chiquinha Chicória disse...

Maricota querida!


Continuando a reflexão, que tem relação até com nossa conversa, poucas horas atrás, hoje mesmo, em relação aos fatos históricos e atitudes de vida.

O amor é mesmo uma força transformadora. Uma mola que impulsiona de maneira impressionante.

Valor é uma escala.

Passeando pelos dicionários vi uma coisa curiosa, sobre VALOR:


. Rubrica: música

tempo relativo de duração de uma nota musical (valor positivo) ou de uma pausa (valor negativo)

. Rubrica: artes plásticas

grau de luminosidade de uma cor, em escala de tonalidades que vai do branco ao preto.


Será que estamos falando de intensidade e ação?
Esmorecimento e inação?

Me parece que uma coisa leva à outra.
O amor leva ao valor, a intensidade ao movimento, o desamor ao desvalor, o esmorecimento à inação.

Isso me parece lógico. O que não parece lógico é o amor levar ao esmorecimento, que gera a inação.

Mas o que tem de lógico o amor, né?

Façamos o seguinte: ame tudo que pode e fique firme nesta cadeia:
amor - valor - intensidade - ação.

Se algum componente desta cadeia não estiver presente ou der lugar ao seu contrário, corre de volta para si mesma, pois lá está faltando amor.

Putz, tá parecendo livro de auto ajuda e o pior é que nem vai me dar grana. =P

Mas, vai? Esta fórmula funciona para nosso papo de dedicação aos outros no propósito de mudar o mundo. Não se muda o mundo na teoria, a ação legitima o discurso...e blá blá blá...

Sei lá, só divagando...

Bom lhe ver aqui.
Beijos. =)

Eleonora Marino Duarte disse...

por "divagações" assim é que não consigo me desprender desta postagem...

agora, ainda me aperece Maricota e fala: Amor.


vocês acham que a capacidade individual de amar está ligada a uma criação (pais, família...) voltada para a afetividade ou a uma carência de afetividade?

para quem o afeto é mais valioso, para quem dá ou para quem recebe?

sei lá, só divagando... (imitando Joice),

PS: joice, volta logo,
PS2: Maricota, apareça,
PS3: André, grande abraço! seus comentários são valiosos!

Unknown disse...

Betina,

Acho que tudo está ligado a uma criação e isso inclui pais, família, cidade, país. Não que isso tenha que seguir uma espécie de receita que se repete. Por vezes é o rompimento com isso tudo que faz o ser humano. Mas ainda aí poderíamos dizer que tem uma ligação, pois não?

Curioso isso que Joice fala sobre os órfãos. Concordo com ela. Certa ocasião me relacionei com uma pessoa que era muito fechada. Era quase impenetrável. (Sim, ela era órfã)E sempre me pareceu uma negação ao carinho por pura defesa. Era curioso. Negava, afastava, mas os olhos sempre pediam carinho, carinho, carinho.

É preciso romper com a orfandade tanto quanto com o excesso de mimos na infância.(Assumindo a terapia)

Betina, não sei. Acho só que o afeto é valioso.

Joice, cadê você?

Maricota, muito prazer.

Betina, um grande abraço para ti também. Não me elogie, isso me lembra o quanto sou vaidoso.(Sorrindo)

Beijo para todos.

Joice Marino disse...

Jesus-Maria-José! Ou, como diz meu amigo Guilherme: "Jizus, Mary and Josef!"

Quanto trelelê! Que legal!

Vou responder amanhã. Preciso organizar as idéias.

Até.

Beijo em todos.

Eleonora Marino Duarte disse...

enquanto joice vai ao "esconderijo" tirar da cartola alguma coisa que nos desconcerte, eu venho dizer ao André:

também acho!

acho que a família é a maior prisão domiciliar do mundo e também o paraíso prometido, que sem ela seria difícil sobreviver a tanta hostilidade (ampla, geral e irrestrita!) e com ela também é possível castrar potencialidades de um indivíduo que estava “prometido” para a realização e o sucesso.

é uma faca (pontuda, aguda, afiada) que paira para sempre sobre nós. pode ser que a presença da “faca” seja uma segurança, uma espada protetora com a qual somos defendidos, guardados, protegidos, honrados,

ou pode ser a faca do “sacrifício” com a qual somos machucados, feridos, lesados, violentados.

é cruel o que uma família pode fazer,
é lindo o que uma família pode fazer.

Por tanto,

é preciso “escapar” o mais rápido possível do conceito “minha família” e se dedicar ao pensamento “nós”, todos nós, em volta, na rua, em outro país. neste aspecto, ser sempre coletivo, integrado, responsável, ajuda a gerar em volta a melhor relação possível com a sociedade.

aliás, oportunamente lembrei do Senhor Rousseau:

"É preciso estudar a sociedade pelos homens, e os homens pela sociedade: os que quiserem tratar separadamente da política e da moral nunca entenderão nada de nenhuma das duas"
Jean-Jacques Rousseau, Emílio ou da Educação.

quando se trata de encaixar o ser individual no ser coletivo que é a sociedade, ainda é atual o pensamento de não separar uma coisa da outra. o que está junto, agindo junto, acaba se tornando um organismo e deve ser analisado como tal.

(ah! tem é “pano pra manga” no assunto!)

de qualquer forma é notório que a família é de grande importância na formação do comportamento do individuo no coletivo.

Paralelo ao conceito da influência da família no comportamento do indivíduo existe o pensamento desconcertante de James hillman, psicanalista que defende uma teoria ríspida em seu livro “código do ser – Uma busca do caráter e da vocação pessoal”, onde desenvolve o que chamou de “teoria da semente do carvalho” segundo a qual a essência de cada vida é uma vocação que a leva para um determinado destino. ele faz uma analogia: assim como a semente de carvalho traz em suas células o destino da árvore, assim também o homem traz em si as marcas do que há de desenvolver. de bom e de ruim.

fico “tentadíssima” em aceitar o que ele diz visto que nunca acreditei que pessoas com naturezas perversas pudessem sofrer modificações, mesmo em um meio voltado para o bem e a harmonia. eu costumo dizer “não existe transplante de alma”.


orfandade:

eu sinto certa vergonha por não conseguir me libertar do “sentimento” da orfandade, porém consegui um certo equilíbrio ao me relacionar com o “acontecimento” da orfandade,

de forma que a orfandade não se trata (graças!) de uma referência óbvia no meu comportamento (é claro que se fuçar bem alguém acha!) e sim de uma influência positiva em minha atitude mais comprometida com relação ao que está em minha volta. fica impossível não querer cuidar, tratar, afagar, proteger,
bichos, plantas, crianças, velhos, pessoas...

em uma esfera mais íntima, o estudo do Zen Budismo (os orientais, sempre eles!), me deu uma certo “consolo” ao afirmar que o caminho é solitário. então, na verdade, de que adianta tanta “firula”? estamos solitários, lá dentro, e é bonito que seja assim, faz com que todas as vezes que nos juntamos, nos unimos, nos aproximamos seja por compaixão, caridade, afeto, afinidade... e não por obrigação, sobrenome, capital, ...

de toda a forma, a discussão aqui está a pleno vapor e eu agradeço a você André por ter se dado ao trabalho de responder e vou ter (me desculpe!) que ajudar a aumentar suas vaidades: você é ótimo!

abraços aos visitantes da casa de madame,
betina.

Joice Marino disse...
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Joice Marino disse...
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Joice Marino disse...

"O mundo foi montado sem pedestal e nós obrigados a habitar em maca e não há coluna no mundo que sustente ninguém que É."

"Benditos sejam os que são sem nome."

"Humanidade ruminável, humanidade interminável(...)renovem todos os seus pensamentos num instante se possível; e que todas as nossas palavras agora (...)saiam no ar e refaçam o mundo não ser."

(Valère Novarina)


O complicado é ficar procurando quem somos ou o que somos. Ninguém é. As pessoas são intensidades mutáveis que vão fazendo e desfazendo associações que escolhem pela vida. Nisso está incluído pessoas, escolhas, livros, conhecimento, atitudes...tudo.

A felicidade não é uma busca, mas a conseqüência de uma vida livre.

A liberdade sim, pode e deve ser buscada. Disso, acho que ninguém discorda. O problema é enxergar o que nos torna cativos.

Somos uma duração. Quando fixamos essa duração em algo que "é", condenamos os erros e supervalorizamos os acertos.
Estagnados em culpa ou vaidade (dentre tantas outras prisões), seguimos, desperdiçando a existência.

Nunca me esqueci de um trecho de Fernando Pessoa definindo o homem como "Cadáver adiado que procria."

Mas podemos voltar à Novarina e a maravilhosa dubiedade da sentença:

"Todo mundo é matador de si."


Beijo em todo mundo, a casa da Madame agradece, felizona. =)

Eleonora Marino Duarte disse...

não falei que "joice-já-já-vinha-com-coisa"!
Valère Novarina é covardia...

"Ninguém é. As pessoas são intensidades mutáveis que vão fazendo e desfazendo associações que escolhem pela vida. Nisso está incluído pessoas, escolhas, livros, conhecimento, atitudes...tudo."

mais covardia deliberada!

e pensar que você é da minha família! ôh, tá vendo? é o que eu disse a respeito da família.. rsss

*eu concordo, e acrescento que os vencedores são aqueles que aceitam a morte e brincam com a vida!

um beijo joice,
abraços na madame!

Anônimo disse...

Joice,

Ando contente em vir aqui.

Teus pensamentos sobre a vida coadunam aos meus, me sinto menos sozinha. Nossa (sua ex) cidade é carente de pensamento e troca.
Estou feliz.

Com apreço,

da amiga Daniela.

Joice Marino disse...

Daniela querida,

Foi um prazer me aproximar de você neste lugar do pensamento.
Cidades pequenas escondem tesouros.
Nos encontramos só agora, neste lugar. E pensar que passei anos por aí sentindo solidão de pensamento.

Nosso papo, no meio de tanta festa, foi um acontecimento dos mais felizes.

Um grande beijo.

Betina querida,

Você é da família que escolhi.( Ou REescolhi) É um dos meus mais caros afetos.

Voltando ao mote da orfandade, como lhe falei, acho que ser órfão pode ser um acaso que traz seu lado positivo. É menos referência para nos aprisionar, pois não?

Um beijo com amor de laço estreito.

=)